
Há tanto tempo que não estávamos juntos como ontem... Os dias vão passando e já há muito que andávamos a prometer a nós mesmos matar aquelas saudades. Saímos para nos divertirmos como só nós sabemos. Muita farra, muito charme, muita sensualidade, sexualidade q.b. e lá fomos nós... Jantámos bem como sempre e ele esteve muito elegante, como é hábito. Não é um homem extremamente bonito mas que tem aquela estrelinha que faz todas as mulheres ficarem vidradas, lá isso tem... É deliciosamente charmoso, feito para fazer as delícias femininas e também as masculinas (digo eu), porque não! Ele é o vizinho da frente, "vizinho" como vai passar a ser conhecido por aqui, pelo Ópio.
O vizinho é um companheiro, vive mesmo em frente e faz a alegria do prédio. Provocador, cativante, um pouquinho excêntrico, amoroso... Deixa as senhoras mais maduras tão coradas como as mais novinhas e, mesmo o facto dos homens não acharem grande graça ao comportamento dele, continua a ser muito querido por cá. Há alturas que nos isolamos um pouco porque vivemos no topo. Na verdade torna-se interessante percebermos que muitos ou todos, pensam que nós os dois temos práticas meio bizarras. Não se enganam muito mas, ainda não estamos perto de ser presos por depravação...
Somos apenas dois amigos que se cruzaram na vida e curiosamente tão diferentes que chegamos a ter percursos parecidos. Vivemos até hoje uma solteirice deliciosa, opção no caso dele e mais que opção no meu... A ideia era viver até encontrarmos aquela pessoa! A mim parece-me que a falta que aquela pessoa lhe faz é maior (se é que é possível) porque ao que parece ela ainda não cruzou o caminho dele, ao contrário de mim. A solteirice seria mais que propositada até darmos de caras com alguém realmente especial. Cheguei à conclusão, à medida que nos fomos conhecendo, que também ele tinha intenções de viver o seu estado civil o melhor possível. Agora percebo que ele o fez bem melhor que eu, aproveitou ao máximo aquilo que a vida lhe deu e gozou muito. O único senão é que ao que parece, foi passando por cima de alguns sentimentos sem pestanejar. Feriu algumas pessoas e meninas acreditem, ele arrepende-se e já me confessou que se pudesse pedia desculpa a todas elas. Sim, é verdade, ele foi sincero... Incrível, não? Mas, mesmo assim não deixa de ser um belo homem, com um grande coração e muito amigo dos amigos.
Ontem a noite foi longa, conversa vai e vem, bebida vem e vem como nos velhos tempos. Estava mesmo a precisar do vizinho. Ele é aquele tipo de homem que nos deixa o ego nos píncaros e, qual é a mulher que pode desperdiçar a companhia de um amigo destes? Claro que a noite não foi diferente das outras no momento de sugerir que a nossa relação passe a ter um "colorido mais garrido". Tinha de ser, está-lhe no sangue! E como por aqui o sangue não é mais morno, foi difícil não pensar por alguns segundos nessa hipótese.
Mas, é difícil isso acontecer, não seria saudável... Eu sou aquela que vai bater-lhe à porta durante a noite de camisa de noite para conversar um pouco, sou aquela que fica a dormir no sofá dele até de manhã. Ele é aquele que entra sem t-shirt pela casa dentro para assaltar o meu frigorífico, é aquele que morre de curiosidade pela minha lingerie (admira-a durante horas).
Ora, acrescentar a isso umas noites quentes seria tirar significado à amizade e na certa ia acabar mal. Por isso meu amigo, esta noite que passou enfiei-te na cama e virei costas para ir para a minha, assim como em tantas que passaram e espero por mais aquelas que hão-de vir.
Uma coisa tenho de concordar contigo, ia ser muito bom partilharmos os nossos corpos como partilhamos as nossas mentes...